Criar uma Loja Virtual Grátis
ONLINE
1
Partilhe esta Página


Total de visitas: 377
CARTILHA
CARTILHA

 Cartilha Cooperativa Habitacional

A COHASPPEN (Cooperativa Habitacional) assume esta tarefa pedagógica imperativamente ética. AUTOGESTÃO: Quem vai morar na casa é que deve dizer como a casa deve ser. Para a COHASPPEN não faz sentido um agente externo definir o modelo construtivo, o valor das parcelas do financiamento ou o local onde construir, sem consultar o público alvo do projeto que são os policiais penais e suas famílias.

CONTRIBUIÇÃO: Queremos ser um canal de investimento e independência financeira. Com as contribuições dos próprios cooperativados se dá o ponta-pé inicial, desvinculando estas famílias do assistencialismo estatal, devolvendo-lhes assim, a dignidade.

EDUCAÇÃO POPULAR E ARTICULAÇÃO SOCIAL: Conectar todas as entidades que já existem no Brasil e que tem, dentro de si, uma demanda oculta na área habitacional é o interesse da COHASPPEN. Nossos Educadores Populares e Articuladores Sociais serão o elo entre a COHASPPEN e as famílias dos policiais penais sem um lar próprio ou residindo em áreas de risco tanto social quanto ambiental.

ORGANIZAÇÃO COHASPPEN.

CÍRCULOS DE COOPERAÇÃO: O Círculo de Cooperação é o espaço de participação da Cooperativa Habitacional. É um grupo motivado, organizado por um Articulador Social e assessorado por um Educador Popular com o objetivo de arrecadar recursos financeiros e definir o modelo de imóvel a ser construído para os seus participantes. Este nome – Círculo de Cooperação – deriva da ideia de que neste grupo todos têm a mesma oportunidade de participar, todos vão se conhecendo e construindo juntos os seus sonhos de moradia. É no Círculo de Cooperação que se constrói a ideia de coletividade, tão importante para uma cooperativa habitacional, mas tão esquecida no cotidiano das famílias que tentam de várias maneiras resolver o problema de moradia de forma isolada, sem resultado. A descoberta de que o problema da falta da “Casa Própria” não é um problema individual, mas coletivo, faz com que se crie a consciência de que a solução também deve ser coletiva e não individualizada. Os Círculos de Cooperação são o instrumento de solução coletiva de quem não tem onde morar.

GRUPO DE INCORPORAÇÃO: Todos os cooperativados que já depositaram quantidade suficiente de Cotas-terreno para fazer parte de algum projeto arquitetônico em obras da COHASPPEN serão agrupados no Grupo de Incorporação. O Grupo de Incorporação é um coletivo de famílias que estão ligados com uma obra específica da COHASPPEN, ou seja, já arrecadaram recursos suficientes para a compra do lote e agora vão construir suas moradias. Para garantia das famílias e da cooperativa habitacional é feito um registro de cada família que compõe o grupo e estas se vinculam definitivamente a obra em andamento. Neste período de construção poderá haver mudanças nos valores e taxas a serem pagas mensalmente por cada cooperativado para dar o devido suporte financeiro ao seguimento das obras do empreendimento.

EDUCAÇÃO POPULAR: A COHASPPEN não acredita em projetos de organização social sem processos de educação popular. Para isso criará em sua estrutura, uma Diretoria Pedagógica, responsável por todo o trabalho educativo da cooperativa. Desde a elaboração dos materiais para o Kit de Admissão até a execução dos Cursos para Educadores Populares. O cuidado que a COHASPPEN tem em educar seus cooperativados é um diferencial importante e fundamental para que cada pessoa que se aproxime do cooperativismo habitacional possa entender melhor o projeto que estará participando. A compreensão do projeto garante uma participação consciente e ativa dos cooperativados em seus grupos. Este é o projeto que estamos construindo para garantir um canal de acesso, não a moradia apenas, mas a um direito negado a muitas famílias brasileiras. Que em nossos esforços possamos olhar com mais cuidado e responsabilidade para aquelas famílias que não possuam ainda uma casa, um lar.

COMEÇANDO A CAMINHADA A organização de uma Cooperativa é uma tarefa que demanda o seguimento de alguns passos que tornarão o processo mais consistente e seguro. É importante que todo cooperativado, articulador social e educador popular tenham sempre em mente estes passos, pois assim, estarão conduzindo as famílias que se aproximarem da COHASPPEN por um caminho seguro até sua casa. Seguir os passos é uma maneira de acertar na organização dos Círculos de Cooperação e Grupos de Incorporação. É pisar no mesmo caminho onde outros agentes de mobilização social já pisaram, é seguir a trilha daqueles que consolidaram este processo de organização social no interesse de colocar as famílias sem moradia dentro de um lar. Por isso, é preciso fazer já! Quanto mais se protela o início dos trabalhos, mais se compactua com a falta de dignidade das moradias de muitos habitantes sem casa, de aluguel, em sub-habitação e cohabitação. Abaixo segue a descrição desta metodologia desenvolvida e utilizada pela COHASPPEN na organização de grupos, com a qual desejamos contribuir para que, cada vez mais, surjam mais articuladores sociais, educadores populares, gestores públicos e cooperativados interessados nessa forma de enfrentamento do déficit habitacional.

1- MATERIAL DE DIVULGAÇÃO NO AMBIENTE DA POLÍCIA PENAL ESTADUAL.

É fundamental que a comunidade policial saiba que a COHASPPEN vai organizar seus grupos na cidade do Rio de Janeiro inicialmente. Isso se faz através de divulgação massiva nas redes sociais específicas. A divulgação via internet nestes tempos de pandemia é de suma importância, pois é o nosso meio de comunicação mais utilizado.

1.1. Posts e banners em redes sociais.

Os textos e imagens deverão ser fornecidos pela COHASPPEN a seus agentes facilitar a divulgação da cooperativa. Devem ser diretos, com frases curtas e com um ou dois símbolos que chamem a atenção dos policiais que enfrentam problemas de moradia, como por exemplo, uma casa, um prédio ou um sobrado. Desta forma as pessoas ficarão interessadas e terão a intenção de participar das nossas reuniões explicativa on line via aplicativo webex.

2- ARTICULAÇÃO DAS ENTIDADES MUNICIPAIS.

Sempre que necessário haverá articulações junto às entidades representativas do município em torno deste projeto da COHASPPEN. Por entidades representativas entende-se a Associação Comercial e Industrial, as Igrejas e Seitas, as Associações de Bairro, Grêmios Esportivos e Recreativos, Entidades Assistenciais e Beneficentes, Congregações Religiosas, Lideranças Populares, ONGs, entre outras. Um projeto que nasce articulado tem mais força e sustentabilidade, portanto mais chances de dar certo. A força social das entidades contribui para o bom andamento do projeto e para o seu enraizamento junto à comunidade como um todo. É importante ressaltar que a atuação dos cooperativados, articuladores sociais e educadores populares da COHASPPEN nunca deve ser desvinculada das demais entidades que já existem nas comunidades. A parceiria é a chave para o sucesso.

3- APRESENTAÇÃO DOS PROJETOS DA COHASPPEN PARA OS INTERESSADOS.

Este é o grande momento de partilha da proposta desta nova matriz habitacional para o município. É a abertura oficial que determinará os rumos da política pública, das organizações sociais, para aqueles policiais penais que não têm moradia. Este evento, que foi anteriormente divulgado, reúne um grande público participante que vem curiosamente conhecer a proposta de organização de grupos da Cooperativa Habitacional. O Articulador Social e/ou o Educador Popular fará três vezes esta reunião com os interessados. No final do primeiro encontro todos os participantes são motivados a convidar outros servidores da Policia Penal que não possuem moradia para vir junto na segunda reunião ouvirem e conhecerem a proposta. Na terceira se faz novamente um resumo da proposta e encaminha-se o cadastramento dos cooperativados. Muitos participantes vêm com a idéia de que o governo  federal, estadual ou a prefeitura iniciará novos loteamentos, ou estará disponibilizando casas populares gratuitamente. A reunião, portanto, tem duas funções:

3.1. Esclarecer que não se trata de doação de casas ou terrenos pelo Poder Público. É muito comum a família que precisa de casa e de terreno recorrer ao Poder Público e pedir de graça uma moradia. Durante muitos anos os gestores municipais utilizaram a doação de moradias como uma forma de cooptação social (principalmente perto das eleições). Hoje com as mudanças da legislação e com a grande demanda no setor habitacional não há mais essa possibilidade. É preciso construir programas onde a comunidade participe com uma parcela na organização do projeto e contribua financeiramente para agilizar o andamento do processo. No Cooperativismo Habitacional os associados participarão ativamente da gestão do grupo e do pagamento de seus lotes e suas casas. A COHASPPEN poderá até fazer parcerias com o Poder Público local, mas ela não dependerá dele para iniciar seus projetos em qualquer cidade. Ela é totalmente autônoma em sua atuação junto a comunidade sem casa.

3.2. Explicação do que é uma Cooperativa Habitacional, como funciona uma Cooperativa Habitacional e quem pode participar do projeto.

3.2.1. O que é uma Cooperativa Habitacional?

Organização sem fins lucrativos: Uma cooperativa gera lotes e constrói casas a preço de custo. Não lucra sobre as unidades habitacionais de seus cooperativados e cooperativadas. Mínimo de 20 pessoas associadas: Conforme a Lei do Cooperativismo (Lei 5.764/71) as Sociedades Cooperativas devem ser compostas de, no mínimo, 20 sócios. No entanto, na prática, considerando que a cooperativa deve reunir um caixa considerável para as suas atividades, dependendo da contribuição de todos os cooperativados, o ideal é que tenha, no mínimo, por volta de 80 pessoas. O limite máximo está subordinado à possibilidade de gestão do próprio grupo. Grupo de pessoas (famílias) com um problema comum (moradia): Na Cooperativa de Habitação as famílias ou pessoas envolvidas querem um terreno ou casa. Juntam-se para resolver este problema: A cooperativa é o espaço de solução do problema de habitação. Não é uma experiência nova, já está comprovado que funciona, muitas famílias já adquiriram seus lotes e casas por este sistema.

Poupança Conjunta (contribuição mensal): Para comprar uma área de terra é preciso juntar recursos. Isto é feito através da poupança conjunta do grupo pela contribuição de cada cooperativado e cooperativada. Todos depositarão um valor definido pelo grupo mensalmente na conta da cooperativa. Com este recurso a cooperativa comprará a futura área para todos morarem.

Solução em médio prazo: No processo de Cooperativismo Habitacional são necessários mais ou menos dois anos para adquirir a área de terra. Algumas cooperativas já compraram antes de dois anos e outras levam mais tempo. Depende da área a ser adquirida e do sistema construtivo escolhido pelo grupo. É importante que as famílias se conscientizem que não é um processo imediatista. Que é preciso persistência e paciência para ter uma casa. Na vida tudo exige sacrifício, na cooperativa não é diferente, porém, com a força de todos aglutinada num projeto sério e consistente o tempo e os recursos são maximizados e o sonho da casa própria chega antes.

Um projeto que tem início, meio e fim: O que queremos dizer com isso é que o INÍCIO é a organização dos grupos, a explicação de como o sistema funciona; o MEIO são as reuniões mensais dos grupos, as contribuições na poupança conjunta, e o FIM é a construção das casas e todos os cooperativados com seus lares. Em outras palavras significa que o projeto começa e seu término é de acordo com o planejado

3.2.2. Como funciona e quem pode participar de uma Cooperativa Habitacional? Pessoas/famílias que precisem de moradia: A necessidade de moradia é o princípio básico das pessoas que participam de uma cooperativa habitacional. A cooperativa de Habitação dá a possibilidade da família planejar os imóveis de seus filhos e assim garantir a quebra geracional da pobreza. Se alguma família tiver casa ou terreno em outro município poderá participar sem problemas, pois é muito comum os trabalhadores migrarem para centros urbanos onde tem demanda por mão-de-obra e ficarem muitos anos pagando aluguel.

Maiores de 18 anos: Para participar de uma cooperativa é preciso ser maior de idade ou emancipado nos termos da Lei.

Capacidade de contribuir com a poupança conjunta: Para ter recursos na poupança conjunta é preciso contribuir mensalmente com as Taxas e com as Cotas definida pelo grupo. É com este montante que a cooperativa comprará a área de terra. Todos têm que depositar todos os meses. Com este gesto as famílias se libertam do assistencialismo estatal e tomam seus sonhos nas mãos.

Possibilidade de participar nas reuniões mensais: Todas as decisões da Cooperativa são tomadas na reunião mensal do grupo, portanto é preciso participar ativa e vivamente desta importante reunião mensal do grupo. Com a presença, as decisões que se vão tomando trarão em si os desejos do grupo e não o desejo de alguns. A participação garante também a pluralidade de opiniões.

Responsabilidade e desejo de aprender: Em um processo onde muitos sonhos estão envolvidos é preciso muito cuidado com o sonho dos outros. Não é possível deixar de lado durante um mês as definições da cooperativa, porque elas representam uma tentativa de dar mais um passo em direção do sonho. O desejo de aprender é fundamental porque sabemos que ninguém nasce sabendo participar de uma cooperativa. Portanto teremos muito pra aprender neste novo processo que estaremos iniciando. Todos têm aprendido muito rápido. É sempre assim, se nos interessa a gente aprende. Esta apresentação é feita pelos articuladores sociais e/ou educadores populares da COHASPPEN, que serão treinados e capacitados para realizar esta tarefa de maneira a garantir a compreensão dos participantes. É preciso dominar o tema para fazer uma boa apresentação que leve as famílias a visualizar a saída do problema da falta de moradia.

A reunião on line dura em torno de uma hora e trinta minutos e está dividida em dois momentos que são:

a) explicação dos projetos da COHASPPEN;

b) debate final tirando dúvidas dos interessados.

4- CADASTRAMENTO GERAL Para organizar os grupos é necessário ter os dados das famílias participantes. Isso se faz na reunião posterior às reuniões explicativas. São necessários os seguintes dados de cada  servidor e de seus familiares: nome, endereço, profissão, idade, estado civil, RG, órgão expedidor, CPF, nacionalidade e telefones de contato, entre outros. Esta Ficha de Inscrição tem dois objetivos. O primeiro é a quantificação, ou seja, quantas famílias estão interessadas em participar do projeto e em segundo a organização de um banco de dados que será necessário para a preparação da documentação pertinente a adesão de cada novo cooperativado junto a COHASPPEN. É neste momento que se terá a noção da demanda que o projeto abrangerá, quantos Círculos de Cooperação ou Grupos de Incorporação nascerão da mobilização da comunidade local. Assim também se saberá quantos agentes da COHASPPEN serão necessários para acompanhar o projeto via Educação Popular e para auxiliar os grupos. Com o cadastramento, as famílias começam a se localizar quanto ao grupo da Cooperativa Habitacional que pertencerão. Começam a olhar os membros do grupo como futuros vizinhos. Isso causa uma sinergia no grupo. Todos começam a levar o projeto a sério, porque percebem que agora as direções estarão cada vez mais em suas mãos. O cadastramento dos cooperativados é o primeiro passo formal para início desta nova caminhada iniciada por estas famílias.

5- ORGANIZAÇÃO DA COOPERATIVA. Na medida em que a Cooperativa é constituída e vai angariando mais pessoas, é hora da constituição prática de outros grupos dentro da COHASPPEN com as famílias interessadas para cada projeto específico. Estes grupos são denominados de GRUPOS DE INCORPORAÇÃO. Escolhe-se o nome do grupo e o valor da contribuição mensal. Constitui-se a primeira equipe de coordenação. Estas lideranças serão os primeiros que assumirão a coordenação do grupo.

5.1. Contribuição Mensal.

Para a escolha da contribuição, serão listados os valores pensados pelos cooperativados. Visualizam-se as sugestões e vota-se. Normalmente há uma predominância de votos em direção a um valor. Neste instante é preciso muita cautela do educador popular para fazer com que o grupo entenda que não é uma questão de juntar mais dinheiro todo mês e votar no valor mais alto das sugestões. É preciso que todos compreendam que o valor tem que ser acessível a todas as famílias participantes. Esta clareza possibilita que famílias com renda menor possam participar do grupo e terem suas casas junto com quem tem renda um pouco maior. E normalmente a diferença de renda das famílias participantes é muito pequena, pois se percebe que as sugestões de valores das cotas-partes variam pouco, o que torna fácil o ajuste para um valor intermediário de contribuição. É recomendável que se chegue ao valor através de amplo debate e que todos se sintam contemplados e inseridos no processo. O consenso neste momento seria o melhor resultado, porém, não sendo, procede-se à votação e o valor é definido. É sempre bom dar dicas de como economizar para poder garantir a contribuição mensal da cooperativa. Estas dicas ajudam as pessoas a visualizar de onde tirarão o dinheiro para terem suas futuras moradias.

5.2. Direção e secretaria.

No momento da fundação da cooperativa, os cooperativados decidirão o modo pelo qual será estruturada a diretoria da Cooperativa. Essa escolha é feita em votação. Na hipótese de haver mais de duas sugestões distintas, serão escolhidas duas e após será feita uma votação para eleger a vencedora. Após essa fase, os cooperativados poderão se candidatar a um cargo da diretoria da Cooperativa. Caso não haja nenhum candidato às vagas, os próprios cooperativados deverão eleger, também por votação os candidatos, ou eventualmente, já eleger alguém. Esta lista é apreciada por todos que podem sugerir novos nomes, modificar alguns e, depois dos ajustes, é posta para a aprovação em votação pela assembléia e registrada em ata os nomes e as respectivas funções. Posteriormente, quando a Cooperativa evoluir e constituir Grupos de Incorporação, é recomendável escolher um coordenador, um vice coordenador, um secretário e um vice-secretário para cada grupo. Estes membros do grupo terão a função de ajudar o Educador Popular, em cada reunião mensal. Aos coordenadores caberá a condução da reunião, organização do espaço físico ou virtual, reserva da sala, e serão os contatos para informações. Já aos secretários caberá o registro das atas das reuniões, todas as decisões tomadas coletivamente devem ser registradas neste importante livro do grupo. Poderão apresentar mensalmente o saldo do grupo de cotas-terreno e motivar a participação de todos, pois será de seu dever o cuidado com o Livro de Presença. No caso assembléias on line deve-se definir uma data e local, evitando-se aglomerações, em que o(s) cooperativado(s) possa(m) ir para assinar o Livro de presença , o que se fará necessário mesmo com o registro das presenças on line no dia reunião. Neste momento também se deve definir o dia que a cooperativa se encontrará em cada mês, quando será a próxima reunião da coordenação, secretaria e Educador Popular que prestará a assessoria para este grupo recém organizado. A data de reunião mensal deve ser definida em dia que todos possam participar. Normalmente, se fixa um dia no final de semana (por exemplo: terceiro sábado do mês, terceiro domingo do mês…), posterior aos depósitos na poupança conjunta para que a secretaria possa fazer a prestação de contas atualizada. A coordenação pode se encontrar antes da reunião mensal para organizar a pauta da reunião e definir outros detalhes pertinentes com o auxílio de seus assessores que estarão presentes.

6- INÍCIO DAS CONTRIBUIÇÕES MENSAIS.

A principal diferença entre uma cooperativa e as antigas políticas habitacionais de geração de loteamentos e casas populares é este ponto. As famílias participam financeiramente do projeto contribuindo mensalmente para a poupança conjunta da cooperativa. Estes recursos obtidos têm como objetivo a aquisição (compra) de uma área de terra – urbanizada ou não – para a construção das futuras residências. Ou seja, é o grupo que escolhe onde vai morar. Diferentemente dos projetos prontos que são impostos à população onde ela não podia escolher o local e nem o modelo de residência. O valor desta contribuição mensal é definido nos encontros mensais de forma coletiva, levando em conta a possibilidade financeira das famílias envolvidas, como já explicamos. O valor é registrado em ata e poderá ser modificado a qualquer tempo, desde que haja o consenso dos cooperativados e cooperativadas. Esta contribuição reeduca os membros dos grupos para uma nova consciência quanto à economia familiar. Faz com que as pessoas aprendam a guardar dinheiro para as coisas mais relevantes de suas vidas, como é o caso da habitação. Esta contribuição se inicia logo após o pagamento integral da taxa de admissão. A COHASPPEN, através de seu departamento financeiro e tesouraria, enviará aos cooperativados e cooperativadas os boletos para depósito em conta da cooperativa. Cada um poderá acompanhar o acúmulo de suas cotas pelo site da entidade, além das prestações de contas mensais. Isso garante a transparência na prestação de contas da cooperativa. Isso faz com que todos se comprometam ainda mais com o grupo, uma vez que se envolvem no processo quantias de dinheiro de cada um dos membros. A contribuição mensal é um exercício novo para cada membro do grupo. É preciso tomar muito cuidado no acompanhamento dos depósitos e na cobrança dos atrasos que poderão existir. O trabalho de motivação do Educador Popular, dos coordenadores e secretários é muito importante para manter todos em dia com suas contribuições. O Regimento Interno deve ser seguido à risca quanto às definições de atraso das contribuições. Em todas as reuniões mensais deverá haver a prestação de contas ao grupo de quanto é o montante acumulado na poupança coletiva do grupo. Isso tranqüiliza a todos, ao mesmo tempo em que motiva ao ver mensalmente o valor da poupança conjunta crescendo, fruto dos esforços de todos e todas. Poupar juntos é fundamental para a aquisição da área de terra. Depois que os grupos começam a depositar, reconhecem o quanto tinham força econômica, porém, esta força estava dispersa. A cooperativa unifica e direciona esta força para um sonho comum: a casa própria.

7- REUNIÃO MENSAL COM TREINAMENTO DOS EDUCADORES POPULARES.

A reunião mensal, que poderá ocorrer de forma virtual via WEBEX, é o momento onde os novos cooperativados e cooperativadas exercitam tudo o que aprenderam no decorrer dos passos anteriores. São nos encontros mensais que os grupos se fortalecem e aprendem a viver em cooperativa. Passa-se da idéia para a ação, do ideal para o real, da teoria para a prática cooperativista. Todas as decisões do Círculo de Cooperação devem ser debatidas em seus pontos positivos e negativos, e o espaço para este debate é a reunião mensal. O que não for decidido por consenso vai para a votação da plenária, onde cada um tem o direito de um voto. A maioria (2/3) elege a decisão a ser encaminhada pela Diretoria. É na reunião que se presta contas das presenças e faltas, e das contribuições dos cooperativados e cooperativadas. É preciso criar canais de participação, manter vivo o sonho a cada reunião e permanecer em constante postura de aprendizagem. Vamos entender melhor estes elementos fundamentais das reuniões mensais.

7.1. Canais de Participação.

Não basta reunir todos os cooperativados e cooperativadas em uma sala física ou virtual e imaginar que todos se sentirão à vontade para expor suas idéias. Como no dia-a-dia não se exercita a participação, precisamos começar aprender a participar. Esta aprendizagem é mais rápida para alguns e mais lenta para outros. Portanto, cabe ao grupo compreender as limitações de cada um para melhor conduzir o grupo na direção do amadurecimento daqueles que ainda tem dificuldade de se expressar. Estes canais podem e devem ser construídos a cada reunião do grupo, através de técnicas de expressão corporal, de exercícios de oratória, de conversas e cochichos em subgrupos para debater um tema em questão, leitura de pequenos textos, de perguntas e respostas, aonde cada participante da cooperativa vá, aos poucos, entrando nesta nova dinâmica do exercício da cidadania. O grupo que se eximir desta tarefa essencial sentirá os limites no futuro, quando precisar tomar decisões importantes e o diálogo será extremamente truncado e demorado. Já os grupos que assumirem o papel de despertar seus cooperativados e cooperativadas farão reuniões mais fluentes e descontraídas. Todos aprendem a participar, basta que lhes sejam oferecidas às oportunidades e os instrumentos necessários. O papel dos Educadores Populares, neste caso, é extremamente importante no auxílio do grupo para a oferta desses instrumentos e oportunidades. Os Educadores Populares são peça fundamental na construção de canais de exercício de participação dentro dos grupos da COHASPPEN. Sua função é exercitar no grupo esta nova cultura cooperativista. E para isso irão seguir as orientações da Diretoria Pedagógica da COHASPPEN que preparou os materiais pedagógicos para esse fim.

7.2. Manter Vivo o Sonho.

Quando estamos construindo algo novo é natural que sintamos um pouco de medo. É assim também com o sonho da “casa própria”: um projeto que envolve o nosso futuro, o nosso dinheiro, a nossa família, enfim, envolve nossa vida toda. Muitas pessoas que nos conhecem nos incentivarão a participar ativamente do grupo cooperativo, outros nos desestimularão, por falta de informação, por má-fé ou por interesses. Para nos defendermos destes problemas é preciso manter vivo o sonho de nosso novo lar. Temos a tendência de acreditar com mais firmeza naquilo que conhecemos bem. Portanto, uma dica muito boa é dominar os cálculos de quanto custa um lote e quanto tempo se levaria para comprá-lo individualmente. A estas contas contrapõem-se os números da cooperativa e o quanto economizamos – em tempo e em dinheiro – convivendo em grupo. Sempre que alguém questionar um cooperativado ou cooperativada este reagirá com tranqüilidade, pois participa de um projeto que está lhe dando economia de tempo e dinheiro. Falará disso para seu interlocutor e assim estará se defendendo, defendendo o movimento das cooperativas e talvez convencendo mais um trabalhador a entrar em um grupo, para que também este, se liberte do aluguel, da casa cedida, da sub-habitação ou da co-habitação, pois todos merecem ter um lar. Manter vivo o sonho significa, portanto, cultivá-lo dia após dia na certeza da moradia que conquistaremos, na dignidade da participação coletiva, na Cooperativa Habitacional. Não há argumento contra a cidadania que se solidifica na consciência daqueles que aprendem pegar o sonho na mão e construí-lo. Outro motivo pra os grupos da COHASPPEN se reunir mensalmente é para criar uma constância de contato com o projeto da casa própria. Não podemos ficar esperando órgãos governamentais fazerem por nós. Temos que nos tornar protagonistas deste sonho. Então, para isso, precisamos nos reunir e elaborar este sonho, juntos. As reuniões mensais criam uma dinâmica de envolvimento em cada cooperativado. Eles aprendem a ter compromisso, a se envolver com algo maior em suas vidas, algo que ele se orgulha de estar participando. Veem que estão construindo algo para toda a comunidade e não só pra si, mas algo que poderá mudar a vida das próximas gerações, algo grande o suficiente para ele tirar um pouco de seu tempo e se engajar.

7.3. Os Educadores Populares.

Ninguém nasce sabendo coordenar uma Cooperativa Habitacional, até mesmo os educadores populares passaram por treinamentos para adquirir experiências para poder desempenhar esta função junto aos grupos sociais organizados. Por isso a implantação urgente de um sistemático processo de formação/capacitação a fim de garantir a sustentabilidade dos grupos. Estes grupos não podem correr o risco de se desarticularem por falta de acompanhamento. É papel do Educador Popular e do Articulador Social, que está motivando a cooperativa, garantir também o processo de formação e capacitação das novas lideranças que começam a surgir. Os temas que permeiam este processo de Educação Popular são levantados junto aos grupos num momento denominado Investigação Temática. Na investigação temática se identificam quais são as maiores dificuldades que se colocam à frente do projeto para que o processo de ensino-aprendizagem vá direto ao ponto, e, não se perca tempo com encontros desnecessários. Além dos problemas levantados pelos cooperativados e cooperativadas, a experiência dos educadores populares em outros momentos de formação também traz sugestões de temas que já foram trabalhados, que servem para dar uma base sólida às novas lideranças quanto ao conteúdo teórico e prático que sustenta o Cooperativismo Habitacional. Este momento pedagógico é executado com o grupo todos os meses pelo Educador Popular. É importantíssimo que se compreenda que não basta garantir a formação para os líderes. Os membros do grupo precisam dominar todos os temas que abrangem o processo cooperativo também, pois logo estarão ocupando os espaços de coordenação e participando, através das reuniões mensais, da cooperativa. Esta participação tem que ser garantida para que não se sobrecarregue a coordenação do grupo. A formação é voltada à conscientização da importância desta participação coletiva, como fazer valer seus argumentos junto ao grupo, como trazer novas ideias para dentro das reuniões. Estes momentos de Educação Popular são fundamentais para que este projeto se solidifique e dê frutos. Os momentos de formação são realizados da seguinte maneira na COHASPPEN: o Educador Popular combina com os coordenadores a sua intervenção, antes ou depois dos encaminhamentos do grupo. Utilizando o material pedagógico elaborado pela Diretoria Pedagógica trabalha cada reunião um tema para ir consolidando as novas idéias cooperativistas na consciência de cada cooperativado e cooperativada. Não acreditamos em projetos de organização social sem processos de Educação Popular. A formação na ação é uma das maneiras mais fáceis de estabelecer ensino-aprendizagem, pois trabalha com questões que cada pessoa envolvida faz no cotidiano da cooperativa, resolve demandas imediatas. Não adianta reunir várias famílias em grupos e deixá-las sem acompanhamento ou assessoria.Isso poderá resultar em situações desastrosas, pois, colocaria uma expectativa no coração destas famílias, que se dissolveria em seguida tornando o problema maior ainda e desacreditando o povo nos processos coletivos. Já os grupos sociais que contam com acompanhamento sistemático têm conseguido várias vitórias que servem de modelo. Para aprender a conviver em grupo, basta um estímulo e uma presença motivadora. Este é o papel dos educadores populares no Cooperativismo de Habitação: contribuir na construção da autonomia dos grupos populares, por meio de intervenções qualificadas que cooperam no processo de conquista da liberdade, através da realização do sonho da casa própria. 

8- ESTUDOS DO ESTATUTO SOCIAL, REGIMENTO INTERNO, CÓDIGO DE ÉTICA E MATERIAIS PEDAGÓGICOS.

A COHASPPEN terá uma série de documentos muito importantes para que os cooperativados e cooperativadas conheçam profundamente. São eles: o Estatuto Social, o Regimento Interno, o Código de Ética e os Materiais Pedagógicos. Cada um deles tem uma função e utilidade específica. Eles compõem o arcabouço jurídico da COHASPPEN, são eles as regras a que todos os cooperativados estão sujeitos. E são também eles que garantem os direitos dos cooperativados na COHASPPEN. Os Educadores Populares da COHASPPEN trabalharão, gradualmente, cada um destes documentos com os cooperativados, a fim de garantir sua leitura e compreensão. Pois isso aproximará muito os cooperativados das regras da cooperativa, e assim, todos terão plena consciência de seus deveres e direitos nos projetos da Cooperativa. Esta partilha de documentos é parte da estratégia de transparência da Diretoria da COHASPPEN. Se cada cooperativado tem domínio das regras da cooperativa os processos estarão garantidos pelos próprios cooperativados e serão também motivados e multiplicados por estes. Se houvesse, pelo contrário, um velamento de informações, criaríamos um campo de desconfiança em relação ao que se pode ou não fazer enquanto Cooperativa. A intenção é que com o estudo geral destes materiais possamos disseminar nossos projetos e construir um corpo de cooperativados que realmente compreendam o projeto que estão participando. Vamos ver abaixo um breve resumo de cada um destes materiais.

8.1. O Estatuto Social da COHASPPEN.

É o documento de fundação da cooperativa. É arquivado na Junta Comercial com a Ata de Fundação e a qualificação dos fundadores para registro formal da cooperativa. Nele constam os objetivos sociais, a forma de organização e gestão, a composição dos fundos, as regras para os cooperativados, as regras gerais para participação dos Círculos de Cooperação e Grupos de Incorporação. Trata também das Assembléias Gerais Ordinárias e Extraordinárias, da representação e participação nelas e sua periodicidade. Este documento estará no Manual do Cooperativado com seu texto na íntegra, no site da COHASPPEN

8.2. O Regimento Interno da COHASPPEN.

É um documento elaborado para detalhar as atividades cotidianas da cooperativa. Complementa e especifica as regras do Estatuto Social. O Regimento Interno da COHASPPEN será elaborado pela Diretoria e discutido com os fundadores e com grupos de pessoas interessadas nos projetos da COHASPPEN. É um documento que pode ser ajustado de tempos em tempos. Para isso acontecer precisa ser aprovado na Assembléia anual da cooperativa. Também estará disponível no site da COHASPPEN.

8.3. Código de Ética e Conduta.

Este documento é um dos mais importantes, pois regra a conduta de cooperativados e cooperativadas, bem como a Diretoria, Conselho Fiscal, funcionários e demais prestadores de serviço da cooperativa. É um documento que também pode ser atualizado se houver necessidade. É de função da Comissão de Ética a verificação se os preceitos do Código de Ética estão sendo observados. A comissão de ética é composta por todas as partes que ele regulamenta.

8.4. Materiais Pedagógicos.

Os materiais pedagógicos elaborados pela nossa Diretoria Pedagógica serão para os estudos dos grupos nos encontros mensais. Cada cooperativado receberá no seu kit de admissão para se aproximar com consistência do cooperativismo habitacional. Estes materiais servirão de instrumentos para os trabalhos dos Educadores Populares junto aos grupos da COHASPPEN.      A Diretoria Pedagógica estará constantemente elaborando mais materiais para os cooperativados conforme forem surgindo as demandas